Marisa Monte - Gentileza


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sexta-feira, 28 de setembro de 2012


O NOVO MITO BRASILEIRO
Se é mesmo verdade que o nascimento dos mitos se deu graças à busca coletiva de um significado para os fatos políticos, econômicos e sociais na cultura clássica, isto é, na Grécia antiga, ou pelo fato dos gregos criarem vários mitos para poder passarem mensagens a todos os seus cidadãos, ou ainda na tentativa de explicar o desconhecido, o sem explicação pelo viés da ciência, nasce um novo mito no Brasil pelo caminho inverso: o da consciência plena.
Consciência de ser sujeito cidadão em um determinado processo histórico, político, social e econômico. Um processo vergonhoso, alicerçado na lama da corrupção política, dos desmandos, onde toda espécie de crime político contra a nação fica na impunidade, onde tudo termina em pizza, e o povo cada vez mais esmagado dentro de um sistema onde a saúde, a educação e a moradia andam doentes, decadentes, afundadas.
Consequentemente, longe de ser um mito criado através de narrativas literárias lúdicas e infundadas, nascidas da imaginação, ou das narrativas utilizadas pelos gregos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza e origem do mundo e do próprio homem que não eram compreendidas, esse novo mito brasileiro nasce da consciência coletiva de uma sociedade constituída, em sua maioria, por cidadãos ultrajados, usurpados nos seus direitos mais legítimos de cidadania plena: vida digna, trabalho, educação e saúde.
Desse modo, o nosso herói negro nasce da real compreensão do cidadão brasileiro em relação aos seus dirigentes e às leis que governam nosso país. Leis estas, em que se um homem roupa uma galinha por estar faminto, é preso por longos anos, enquanto homens de colarinhos brancos desviam bilhões dos cofres públicos e permanecem impunes. Assim, o nosso herói negro nasce da necessidade coletiva por justiça social, igualdade, por direitos garantidos. O nosso herói surgiu concretizado em volto em sua longa capa negra, muito mais poderosa que a do Batman, com o poder de realizar o desejo coletivo da população brasileira: condenar os políticos corruptos. E ele realizou esse desejo coletivo. Eis então que surge o novo mito brasileiro, o justiceiro implacável em suas sentenças dadas.
Em sendo assim, o nascimento desse herói negro serve para reafirmar o que já havia afirmado Rousseau há muito tempo, que no fundo das nossas almas há um princípio inato de justiça e virtude, pelo qual julgamos as nossas ações e as ações dos outros homens como boas ou más, certas ou erradas, e que esse princípio é denominado de Consciência. Ressaltando que, como é uma atitude comum aos heróis, ele não aceitou o destino dos pobres, ainda mais negros, no Brasil, e aos dezesseis anos, sendo filho de pai pedreiro e mãe doméstica, saiu de Minas para estudar em Brasília.
O Batman brasileiro, de capa longa e negra, antes de se tornar herói, cuidou da limpeza do Supremo Tribunal Federal, e graças ao domínio que tinha de línguas estrangeiras, conseguiu chegar ao topo da carreira: certa feita, na certeza da solidão, enquanto limpava o banheiro, cantava uma canção em inglês com sotaque e pronúncia perfeitos, fato que despertou curiosidade e estranheza a um diretor do Tribunal que entrara no momento. A estranheza transformou-se em admiração, e na prática, novos caminhos para novas funções foram abertos.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012


                  
                 BRASILIDADES QUE NOS ENVERGONHAM
                            
Nesses dias, lendo um texto do Juiz de Direito Marcos William, intitulado Brasilidades, mesmo sem o conhecer, senti uma enorme gratidão invadir meu ser, haja vista que nesse artigo ele relata um fato pouco divulgado em relação ao ex-presidente do Brasil, o marechal Castelo Branco, em um período que a brasilidade batizou por “anos de chumbo”, mas, que me encheu de orgulho desse brasileiro, posto que “era de chumbo” é a que vivemos hoje: o chumbo grosso da corrupção desenfreada que impera no Brasil.        
A minha gratidão para com o Juiz Marcos William é por ter me mostrado um fato que nos orgulha da prática política, ética e cidadã de um governante brasileiro que é lembrado por sua retidão na maneira de governar, dadas as atuais circunstâncias, onde as práticas das nossas autoridades governamentais são lamentáveis, vergonhosas e corruptas, em todos os setores administrativos do nosso país. Até mesmo o Tesouro Nacional é um poço sem fundo, tudo que nele cai, sai por uma conta aberta, manipulada, e termina em uma conta CC5, ficando tudo por isso mesmo.
O texto do Juiz começa comentando o caso do bicheiro Carlos Augusto Ramos, vulgo Carlinhos Cachoeira, no qual ele diz comungar da ideia de que a cassação do senador Demóstenes Torres teve o mesmo efeito do que se acrescentar uma gota d’água no oceano, haja vista que vários outros colegas seus votaram a favor de sua permanência, considerando atípica a conduta que lhe fora infligida.
Claro que esses colegas consideraram essa situação atípica porque no Brasil, a corrupção é a via láctea enegrecida pelas ações ilegais e desonestas dos políticos e autoridades, que corta o país de fora a fora; um caminho de leite, onde não apenas quatro braços roubam, corrompem,  desrespeitando os cidadãos, a cidadania e os direitos de toda a nação, ou seja, a corrupção é a via láctea dos colarinhos brancos que comandam, com mãos sujas e mal caratismo o Brasil, já que aqui, tudo termina em pizza.
Diante deste quadro, numa comparação inteligente, o Juiz nos conta que o marechal Castelo Branco, então presidente da República, tendo um irmão que exercia um cargo na receita Federal, e fora presenteado com um automóvel, pelos colegas funcionários, em gratidão por ele ter ajudado à feitura de uma lei que beneficiava ou organizava a carreira funcional daqueles agradecidos.
Assim, ao tomar conhecimento deste fato, o então presidente telefonou para o irmão mandando que ele devolvesse o veículo imediatamente. O irmão ponderou por fazê-lo, sob a alegação de que tal gesto o deixaria desmoralizado no cargo, ao que o presidente perguntou:
“_ Que cargo¿ Você já está demitido, estou aqui decidindo se mando prendê-lo ou não.”
         Ao ler esse texto, que me foi passado por meu esposo, apreciador nato dos textos reflexivos e críticos, vi surgir em mim novas esperanças. Esperanças de que o Brasil ainda seja presidido por um homem firme assim, que não admita e não compactue, de nenhuma forma, com a corrupção, como a que nesse momento impera no Brasil. A esperança de temos sim, Homens capazes de tirar essa faixa negra da corrupção, que corta de ponta a ponta os céus do Brasil. Por Isso, Juiz Marcos William, minha gratidão por lembrar-nos que houve e há homens sérios, honestos e firmes, capazes de comandar com dignidade, seriedade, justiça e respeito à nação brasileira.